Rute: Introdução e análise expositiva do livro:
O propósito deste estudo bíblico no livro de Rute é elucidar a origem do nome, o significado do livro para os primeiros leitores, compreender o propósito do autor, qual a mensagem central, quem é o autor do livro e a data em que escreveu. Este estudo bíblico no livro de Rute se tornará mais eficiente se nos concentrarmos na teologia do livro, no contexto histórico, cultural, político e geográfico do livro. Ao final, o estudioso da bíblia terá plenas condições de compreender profundamente a mensagem do livro de Rute.
O Livro de Rute pertence ao grupo de livros Históricos do Antigo Testamento. Para Cundall1 o livro de Rute é um relato breve mas profundamente significativo que se situa durante o período dos juízes. Ele narra a história de uma família israelita e a lealdade extraordinária de uma mulher moabita chamada Rute.
O nome “Rute” (em hebraico רוּת, Ruth) significa “amizade” ou “companheira“. Este nome reflete a personalidade e o caráter da protagonista do livro, que demonstra uma lealdade e devoção notáveis. Rute, uma moabita, torna-se um exemplo de amor, fidelidade e integridade ao se dedicar à sua sogra, Noemi, e ao Deus de Israel.
O leitor mais atento deve ter notado que este livro apresenta um contraste com o livro de Juízes, uma vez que o povo da aliança está frequentemente se desviando do SENHOR e quebrando a aliança o livro de Rute mostra uma moabita que não conhecia ao SENHOR jurando fidelidade e lealdade. Aqui se tem um reflexo do que Jesus apresenta no Novo Testamento em relação a fé dos gentios, muitas vezes sua fé sobrepuja em muito aquela apresentada pelos filhos de Israel (cf. Mateus 8.10).
Propósito e Conteúdo do Livro de Rute:
O propósito de Deuteronômio é preparar os israelitas para a vida na Terra Prometida, reafirmando a aliança de Deus com Seu povo e revisando a legislação dada anteriormente para se adequar ao novo contexto. Moisés recapitula a história de Israel desde o Êxodo, reforça os mandamentos e oferece novas instruções para garantir que a aliança com Deus seja mantida. A geração a qual Moisés está se dirigindo neste momento já não é mais a geração que saiu do Egito, mas é os filhos deles e Moisés pode estar preocupado que uma nova vida com certo conforto em Canaã faça com que o povo se esqueça do SENHOR.
Autoria e data do Livro de Rute:
A autoria do livro de Rute é tradicionalmente anônima. Acredita-se que foi escrito por um autor inspirado que tinha conhecimento profundo das leis e costumes de Israel, tais como o levirato e a redenção de terras (goel), indicando familiaridade com a legislação mosaica. O estilo literário do livro de Rute é simples, mas elegante, com uma narrativa coesa e detalhada. A linguagem e o vocabulário utilizados sugerem uma composição durante o período monárquico ou posterior.
Outro ponto importante é a inclusão da genealogia de Davi no final do livro (Rute 4:18-22) sugere que o autor estava escrevendo em uma época em que a linhagem de Davi era significativa, possivelmente durante ou após o reinado de Davi.
A tradição judaica, conforme registrada no Talmude, sugere que o livro de Rute foi escrito pelo profeta Samuel.
A datação do livro de Rute é amplamente debatida entre os estudiosos. As sugestões variam desde o período monárquico (século X a.C. / c. 1010-930 a.C.) durante o reinado de Davi, até o período pós-exílico (século V a.C.). A maioria dos estudiosos concorda que o livro foi escrito em uma época em que a monarquia de Davi já estava estabelecida, dado o destaque na genealogia davídica.
Teologia do Livro de Rute:
Segundo Cundall o livro de Rute, apesar de sua brevidade, possui uma rica teologia que aborda temas como a lealdade, a providência divina, a redenção e a inclusão dos gentios no plano de Deus. Vejamos os principais temas teológicos presentes no livro:
- Fidelidade: A lealdade é um dos temas centrais do livro de Rute. A devoção de Rute a Noemi é expressa de maneira eloquente em Rute 1:16-17, onde Rute promete seguir Noemi, adotar seu povo e seu Deus. Esta lealdade reflete um compromisso profundo e pessoal que transcende as convenções sociais e culturais da época (Rute 1:16-17).
- Providência: A providência de Deus é claramente demonstrada ao longo do livro. Desde a decisão de Rute de permanecer com Noemi, até o encontro providencial com Boaz, cada evento é mostrado como parte do plano soberano de Deus. A narrativa revela que, mesmo em tempos de dificuldade, Deus está ativamente trabalhando nos detalhes da vida das pessoas para cumprir Seus propósitos. (Rute 2:12).
- Redenção: O conceito de redenção é central na história de Rute. Boaz atua como o goel (redentor), uma figura que resgata a propriedade e a linhagem familiar, casando-se com Rute e garantindo a continuidade da família de Elimeleque. Este ato de redenção não só preserva a herança de Noemi, mas também integra Rute, uma moabita, plenamente no povo de Israel (Rute 4:10).
- Inclusão dos Gentios: A história de Rute destaca a inclusão de gentios no povo de Deus. Rute, uma moabita, é integrada ao povo de Israel e torna-se uma ancestral do rei Davi e, por extensão, de Jesus Cristo. Este tema de inclusão prefigura a abrangência da graça de Deus e o plano redentor que alcança todas as nações (Mateus 1:5-6).
- Fidelidade Divina: O livro de Rute mostra a fidelidade de Deus em cuidar de seu povo. Mesmo em tempos de sofrimento e incerteza, Deus é fiel às Suas promessas e trabalha através das ações de pessoas comuns para cumprir Seus planos soberanos. A história de Rute é uma demonstração da bondade e fidelidade de Deus em ação (Rute 4:14).
Contexto Histórico Cultural do Livro de Rute:
O livro de Rute se passa durante a época dos juízes, um período de instabilidade e desordem em Israel, caracterizado por ciclos de apostasia, opressão e libertação. Em contraste com a violência e a anarquia deste período, o livro de Rute apresenta uma história de fidelidade pessoal e divina, mostrando que mesmo em tempos difíceis, a bondade e a providência de Deus estão presentes.
Contexto Geográfico do Livro de Rute:
o contexto geográfico do livro de Rute é crucial para entender a narrativa e as implicações culturais e históricas da história.
- Belém: Belém, cujo nome significa “Casa do Pão”, é uma pequena cidade na região montanhosa de Judá. Ela desempenha um papel central na história de Rute. Belém é a cidade natal de Elimeleque, Noemi, e seus filhos. É também o local onde Noemi e Rute retornam após a morte dos homens da família. Belém é significativa como o cenário onde Rute encontra Boaz e onde se desenrola a maior parte da história de redenção.
- Relevância futura: Belém é profeticamente importante como a futura cidade natal do rei Davi e, mais tarde, de Jesus Cristo, ligando a história de Rute diretamente à linhagem messiânica.
- Moabe: Moabe é a terra natal de Rute e representa uma região ao leste do Mar Morto. Os moabitas eram descendentes de Ló, sobrinho de Abraão. Moabe é o local onde Elimeleque e sua família se refugiaram durante uma fome em Israel. Lá, os filhos de Elimeleque se casaram com mulheres moabitas, incluindo Rute. A escolha de Moabe como refúgio durante a fome e o casamento de Rute com um israelita sublinham as tensões culturais e religiosas entre Israel e Moabe.
- Relações com Israel: Historicamente, as relações entre Israel e Moabe eram complexas, marcadas por conflitos e alianças. O casamento de Rute, uma moabita, com Boaz, um israelita, simboliza a inclusão de estrangeiros na comunidade de Israel.
- Campos de Boaz: Os campos de Boaz são localizados em torno de Belém, onde Rute vai para colher espigas durante a colheita de cevada. Este é o local onde Rute encontra Boaz pela primeira vez. A prática do “gleaning” (colheita das sobras) era permitida pela lei mosaica como uma forma de prover para os pobres e estrangeiros (Levítico 19:9-10). A generosidade de Boaz para com Rute, permitindo que ela colhesse em seus campos, é um ponto crucial na narrativa, mostrando a providência e o cuidado de Deus.
- Porta da Cidade: A porta da cidade era o centro administrativo e judicial da cidade onde transações legais eram realizadas e onde os anciãos da cidade se reuniam. Boaz vai à porta da cidade para negociar a redenção da terra de Elimeleque e o casamento com Rute. Este local é significativo como o cenário de ações legais e públicas que garantem a redenção e a integração de Rute na comunidade de Israel (Rute 4:1-12).
- Implicações Geográficas da Narrativa:
- Movimento de Moabe para Belém: O retorno de Noemi e Rute a Belém simboliza um retorno à provisão e à comunidade de Deus, contrastando com a partida para Moabe durante um tempo de fome. Este movimento também sublinha a fé de Rute em deixar sua terra natal e deuses para se unir ao povo de Israel e ao Deus de Israel.
- Interação Social e Econômica: A prática de colheita nos campos de Boaz destaca as leis de Israel destinadas a cuidar dos pobres e estrangeiros, mostrando como Rute, uma estrangeira, é integrada na economia e na sociedade israelita.
- Espaços Públicos e Privados: A narrativa se desenrola em uma mistura de espaços públicos (como os campos e a porta da cidade) e privados (como a casa de Noemi e a eira). Estes espaços ajudam a tecer uma história de relações sociais, econômicas e familiares.
Estrutura de Seções do Livro de Rute:
- Capítulo 1: O Retorno a Belém
- Fome em Belém e Migração para Moabe (Rute 1:1-5)
- Uma fome em Belém leva Elimeleque, sua esposa Noemi e seus dois filhos, Malom e Quiliom, a migrarem para Moabe. Elimeleque morre, e seus filhos se casam com mulheres moabitas, Rute e Orfa. Posteriormente, os filhos também morrem, deixando Noemi, Rute e Orfa viúvas.
- Decisão de Voltar a Belém (Rute 1:6-18)
- Noemi decide retornar a Belém ao ouvir que a fome terminou. Ela tenta convencer suas noras a ficar em Moabe. Orfa decide ficar, mas Rute insiste em acompanhar Noemi, expressando sua lealdade com as palavras famosas: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.”
- Chegada em Belém (Rute 1:19-22)
- Noemi e Rute chegam a Belém no início da colheita da cevada. Noemi, sentindo-se amargurada pela perda de sua família, pede para ser chamada de Mara, que significa “amarga”.
- Fome em Belém e Migração para Moabe (Rute 1:1-5)
- Capítulo 2: Rute e Boaz
- Rute nos Campos de Boaz (Rute 2:1-7)
- Rute vai aos campos para colher espigas, uma prática permitida para os pobres e estrangeiros. Ela acaba colhendo nos campos de Boaz, um parente de Elimeleque.
- Boaz Mostra Bondade a Rute (Rute 2:8-16)
- Boaz nota Rute e a trata com generosidade, instruindo seus servos a deixarem espigas adicionais para ela colher. Ele elogia Rute por sua lealdade a Noemi e a convida a continuar colhendo em seus campos.
- Rute Informa Noemi (Rute 2:17-23)
- Rute retorna a Noemi com uma grande quantidade de cevada. Noemi fica feliz ao saber que Rute encontrou favor nos olhos de Boaz e reconhece a possibilidade de redenção.
- Rute nos Campos de Boaz (Rute 2:1-7)
- Capítulo 3: Rute e a Eira
- Plano de Noemi (Rute 3:1-5)
- Noemi instrui Rute a ir até a eira onde Boaz está trabalhando e a se deitar aos seus pés após ele ter comido e bebido, um gesto de humildade e pedido de proteção.
- Rute Segue o Plano (Rute 3:6-9)
- Rute segue as instruções de Noemi e se deita aos pés de Boaz. Quando Boaz acorda, Rute pede que ele a cubra com seu manto, simbolizando seu pedido para ele agir como seu redentor.
- Resposta de Boaz (Rute 3:10-15)
- Boaz fica impressionado com a atitude de Rute e promete fazer o que for necessário para redimi-la, embora mencione que há um parente mais próximo que tem o primeiro direito de redenção. Ele lhe dá seis medidas de cevada como presente para Noemi.
- Relato a Noemi (Rute 3:16-18)
- Rute retorna a Noemi e relata o encontro. Noemi expressa confiança de que Boaz resolverá a questão rapidamente.
- Plano de Noemi (Rute 3:1-5)
- Capítulo 4: Redenção e Casamento
- Boaz na Porta da Cidade (Rute 4:1-12)
- Boaz vai à porta da cidade para tratar do assunto com o parente mais próximo. Ele explica a situação e o parente renuncia ao seu direito de redenção em favor de Boaz. Boaz oficialmente adquire o direito de redimir a terra de Elimeleque e casar-se com Rute.
- Casamento de Boaz e Rute (Rute 4:13-17)
- Boaz casa-se com Rute, e ela dá à luz um filho chamado Obede. As mulheres de Belém louvam a Deus e Noemi é abençoada ao ser avó de Obede, que se torna o avô do rei Davi.
- Genealogia de Davi (Rute 4:18-22)
- O livro termina com uma genealogia que liga Perez a Davi, estabelecendo a importância de Rute na linhagem do rei Davi e, por extensão, de Jesus Cristo.
- Boaz na Porta da Cidade (Rute 4:1-12)
O Evangelho no Livro de Rute:
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Conclusão do Livro de Rute:
O livro de Rute é uma joia literária e teológica, que ilumina a fidelidade e a providência de Deus, o valor da lealdade e da bondade humana, e a abrangência da redenção divina. Através da história de Rute, Noemi e Boaz, vemos como Deus cuida dos detalhes da vida cotidiana e usa indivíduos comuns para cumprir Seus planos extraordinários. Rute, uma estrangeira, é integrada na linhagem de Davi, destacando o alcance abrangente do amor e da redenção de Deus. Em última análise, o livro de Rute aponta para a vinda do Messias, Jesus Cristo, que traz a salvação para todas as nações.
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