Estudo Bíblico no Livro de Números

Números: Introdução e análise expositiva do livro:

O propósito deste estudo bíblico no livro de Números é elucidar a origem do nome, o significado do livro para os primeiros leitores, compreender o propósito do autor, qual a mensagem central, quem é o autor do livro e a data em que escreveu. Este estudo bíblico no livro de Números se tornará mais eficiente se nos concentrarmos na teologia do livro, no contexto histórico, cultural, político e geográfico do livro. Ao final, o estudioso da bíblia terá plenas condições de compreender profundamente a mensagem do livro de Números.

O Livro de Números pertence ao grupo de livros do Pentateuco do Antigo Testamento. Números segue diretamente após Êxodo e Levítico, continuando a história do povo de Israel no deserto. Enquanto Êxodo narra a libertação do Egito e Levítico detalha as leis de santidade e culto, Números foca na peregrinação e nas experiências formativas da nação de Israel enquanto se prepara para entrar na Terra Prometida.

De acordo com Wenham1 o livro de Números é conhecido por seu nome devido aos censos que registra. No grego, o título é “Arithmoi“, de onde deriva o nome “Números” em português, refletindo a ênfase nos dois censos do povo de Israel descritos no livro. Esses censos ocorrem no início e no final do livro, contabilizando os homens aptos para a guerra.

Em hebraico, o livro é chamado “Bemidbar” (במדבר), que significa “No Deserto,” tirado das primeiras palavras do livro, “Vayedaber Hashem el-Moshe bemidbar Sinai” (“E falou o Senhor a Moisés no deserto do Sinai”). Este título reflete mais precisamente o conteúdo do livro, que narra a jornada dos israelitas no deserto após a saída do Egito e antes da entrada na Terra Prometida.

O livro das rebeliões, este poderia ser o sobrenome do livro de Números. O leitor mais atento verificará que uma das expressões mais repetidas no livro é “rebelou-se o povo …”.

Propósito e Conteúdo do Livro de Números:

O livro de Números continua a narrativa do Pentateuco, focando nas experiências dos israelitas durante seus 40 anos de peregrinação no deserto. Este período é crucial para a formação da identidade nacional e religiosa de Israel. Números descreve as dificuldades enfrentadas, as rebeliões contra Moisés e Deus, e as lições aprendidas enquanto a nova geração se prepara para entrar em Canaã.

Autoria e data do Livro de Números:

A autoria tradicionalmente é atribuída a Moisés, assim como os outros livros do Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico e Deuteronômio). As evidências internas para a autoria incluem referências diretas como por exemplo (Números 1.1; 4.1; 6.1; 8.1). Inúmeras passagens ao longo do livro documentam comunicações diretas de Deus a Moisés, indicando seu papel como mediador e líder do povo de Israel. Outro ponto importante é que o estilo e o conteúdo refletem a experiência de um líder presente durante a peregrinação no deserto. A descrição das jornadas e dos censos requer um conhecimento íntimo da organização e das tribos de Israel, compatível com a liderança de Moisés.

As evidências externas incluem a Tradição Judaica, por exemplo, a Mishná e o Talmude atribuem a autoria do Pentateuco a Moisés. Escritores Escritores judeus antigos, como Flávio Josefo e, também alguns dos Pais da Igreja, como Orígenes e Agostinho, também defendem a autoria Mosaica do Pentateuco.

A data de composição de Números é intimamente ligada à datação do Êxodo e da peregrinação no deserto, assim como os demais livros do Pentateuco. A data tradicional para o Êxodo é por volta de 1446 a.C., baseada em 1 Reis 6:1, que coloca a construção do Templo de Salomão 480 anos após o Êxodo. Se aceitarmos essa datação, Números teria sido escrito durante a peregrinação no deserto, aproximadamente entre 1446 e 1406 a.C.

Teologia do Livro de Números:

Segundo MacArthur2, a teologia do livro de Números gira em torno de três temas principais, são eles:

  • Embaixador: O próprio SENHOR se comunicava com seu povo através de Moisés (cf. 1.1; 7.89; 12.6-8) de modo que as palavras de Moisés era carregada de autoridade divina, de tal forma que a resposta do povo a Moisés espelhava aceitação ou rebelião do povo a orientação divina.
  • Juiz: O SENHOR é Deus de juízo. Ao longo do livro a ira do SENHOR é provocada repetidas vezes em resposta ao pecado do povo (cf. 11.1, 10, 33; 12.9; 14.18; 25.3-4; 32.10-14).23.2; 25.10).
  • Fidelidade: Apesar das frequentes falhas de Israel, Deus permanece fiel às Suas promessas. Ele sustenta o povo com maná, água e proteção, e continua zelando pela promessa feita a Abraão em dar a sua descendência a terra de Canaã (15.2; 26.52-56; 27.12; 33.50-56; 34.1-29).
  • Soberania: Um tema central em Números é a soberania de Deus sobre todas as nações e eventos. Deus dirige os destinos de Israel, guiando-os através do deserto, fornecendo-lhes sustento e proteção, e disciplinando-os quando necessário. A nuvem e a coluna de fogo que guiam os israelitas são símbolos visíveis da liderança divina (9.15-23; 23.19).

Contexto Histórico Cultural do Livro de Números:

O livro de Números situa-se no período da peregrinação dos israelitas no deserto, após a saída do Egito e antes da entrada na Terra Prometida, Canaã. Esse período histórico é fundamental para a formação da identidade nacional e religiosa de Israel. De acordo com Walton, Números abrange aproximadamente 40 anos, durante os quais Israel enfrenta diversos desafios, incluindo a organização tribal, rebeliões internas e preparação para a conquista de Canaã.

A narrativa começa no segundo ano após o Êxodo, quando os israelitas ainda estão acampados no Sinai, e termina nas planícies de Moabe, às margens do rio Jordão. Este período é marcado pela transição da primeira geração de israelitas que saiu do Egito, que morreu no deserto devido à sua desobediência, para a segunda geração, que estava sendo preparada para entrar em Canaã.

Os dois censos principais no início e no final do livro servem para contabilizar os homens aptos para a guerra e organizar as tribos em preparação para a entrada na Terra Prometida. Esses censos refletem a necessidade de estrutura e disciplina em meio ao povo de Deus.

Contexto Geográfico do Livro de Números:

O cenário geográfico de Números abrange o deserto do Sinai, a área ao redor do Monte Sinai, e as planícies de Moabe. Este ambiente árido e desafiador serve como pano de fundo para a formação e disciplina do povo de Israel.

  • Moabe: Nas planícies de Moabe, Israel enfrenta desafios finais antes de entrar na Terra Prometida, incluindo a tentação de adorar outros deuses e a organização militar final para a conquista de Canaã. Esta região, localizada ao leste do rio Jordão, oferece uma vista estratégica para a próxima fase na história de Israel.
  • Peregrinação e Estações: A jornada dos israelitas é marcada por diversas paradas, cada uma com seu próprio conjunto de desafios e aprendizados. Locais como Cades-Barneia, onde os espiões foram enviados a Canaã, e as planícies de Moabe, onde Israel se preparou para atravessar o Jordão, são geograficamente e teologicamente significativos.

Estrutura de Seções do Livro de Números:

  • Obediência ao SENHOR (Números 1-10)
    • Primeiro Censo (Números 1)
    • Organização do Acampamento (Números 2)
    • Deveres dos Levitas (Números 3-4)
    • Pureza no Acampamento (Números 5)
    • Voto de Nazireu (Números 6)
    • Ofertas dos Príncipes (Números 7)
    • Dedicação dos Levitas (Números 8)
    • Celebração da Páscoa (Números 9)
    • Orientação da Nuvem e as Trombetas de Prata (Números 10)
  • Desobediência ao SENHOR (Números 11-25)
    • Queixas sobre a Comida (Números 11)
    • Rebelião de Miriã e Arão (Números 12)
    • Missão dos Espiões (Números 13)
    • Rebelião e Punição (Números 14)
    • Leis complementares (Números 15)
    • Rebelião de Corá, Datã e Abirão (Números 16)
    • Testemunho do Cajado de Arão (Números 17)
    • Deveres e Direitos dos Sacerdotes e Levitas (Números 18)
    • Lei da Novilha Vermelha (Números 19)
    • Rebelião do povo por falta de água e a Rocha em Meribá (Números 20)
    • Morte de Arão (Números 20:22-29)
    • Serpentes Abrasadoras e a Serpente de Bronze (Números 21:4-9)
    • Conquistas de Siom e Ogue (Números 21:21-35)
    • Balaão o profeta da rebelião e a Jumenta (Números 22)
    • Bênçãos de Balaão (Números 23-24)
    • Idolatria em Peor (Números 25:1-9)
    • Ação de Fineias (Números 25:10-18)
  • Obediência Renovada ao SENHOR (Números 26-36)
    • O segundo censo (Números 26)
    • Herança das Filhas de Zelofeade (Números 27:1-11)
    • Nomeação de Josué (Números 27:12-23)
    • Leis sobre Sacrifícios e Festas (Números 28-29):
    • Leis sobre Votos (Números 30)
    • Vingança contra os Midianitas (Números 31)
    • Divisão da Terra a Leste do Jordão (Números 32)
    • Jornadas de Israel (Números 33)
    • Limites da Terra Prometida (Números 34)
    • Cidades de Refúgio (Números 35)
    • Leis sobre Herança Tribal (Números 36)

O Evangelho no Livro de Números:

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Conclusão do Livro de Números:

O livro de Números demonstra a fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas apesar das falhas humanas. Ele sublinha a importância da obediência e da confiança em Deus, preparando Israel para a vida na Terra Prometida. Através de suas narrativas e leis, Números ensina que Deus é soberano e santo, e que o Seu povo deve viver em santidade e submissão à Sua vontade.

Você poderá entender mais profundamente os temas da teologia bíblica de Números através do nosso e-book sobre Teologia Bíblica do Antigo Testamento.

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