Sermão Expositivo em Salmos 2

Salmos 2: Os Planos de Deus e os planos humanos

Instrução: Este é um sermão expositivo desenvolvido pelo Pr. Fabiano Queiroz. Este sermão pode ser facilmente adaptado para uma aula de Escola Bíblica Dominical ou um estudo no lar. Você está autorizado a utilizar este sermão em seus estudos e pregá-lo. Este sermão não é meu, pertence ao SENHOR. Além do mais, era comum entre os puritanos a prática de pregar os sermões uns dos outros e, esta prática é saudável, pois reforça a fé.

Objetivo: Mostrar a soberania de Deus mesmo quando o mal aparentemente ganha força, e assim, levar esperança ao povo de Deus em tempo de perplexidade.

Pregando – Introdução: Existem certos dias que as trevas parecem prosperar e exercer o domínio, normalmente nestes tempos o nosso coração fica angustiado, logo pensamos, porque Deus permite que o mal prospere? Vemos esta dificuldade prosperando até mesmo em muitos momentos do evangelho. Então, logo a igreja fica angustiada por estes momentos. Muitas vezes os fracassos pessoais sem conseguir avançar diante de Deus e do mundo, acentuam este sentimento de derrota. Logo perdemos de vista o poder de Deus e começamos a contemplar o poder do mal.

NARRATIVA: O Salmo 2 trata exatamente destes pontos, os poderes malignos tentando prosperar e oferecer oposição ao poder e aos planos de Deus. Aqui está o ponto principal tratado por este Salmo – O Plano de Deus e o plano dos homens.

  • O Salmista começa afirmando (v.1-3) que existe um projeto humano maligno sendo orquestrado de forma sorrateira, o tal projeto tem o mesmo propósito da construção do Zigurate, a famosa torre de Babel[1], os homens querem dominar no lugar de Deus e querem fazer o seu nome célebre, eles definem o plano e Deus tem outros planos.
  • O Salmista nos mostra a mesma coisa de Gênesis 11, Deus conhece este projeto humano mirabolante mais já estabeleceu o seu Plano, o seu caminho, o seu evangelho. Novamente nós vemos neste salmo a humanidade dividida em dois grandes grupos, os que estão em paz com Deus por se dobrar ao plano de Deus, e os que estão em rebelião contra Deus.
  • Algumas características do Salmos 2 que nos chama a atenção é o seu caráter messiânico e a sua autoria. Geralmente este Salmo por conta da sua estrutura é chamado de Salmo de Coroação e Salmo Messiânico. Salmo de coração significa que este Salmo era cantado na coroação dos reis da descendência de Davi e havia pontos deste Salmo que eram lidos pelo rei e outros pelo sacerdote que ungia o rei.
  • Van Groningen afirma que geralmente alguns salmos trazem a sua mensagem principal no centro do salmo (neste caso o v.6), isso faz deste Salmo um Salmo Messiânico. Por Salmo Messiânico se quer dizer que este Salmo aponta para o Messias de Israel.
  • O rei no Antigo Testamento com frequência era colocado como um representante divino, alguém que foi ungido por Deus para governar com retidão sobre o povo de Deus, interceder por ele, julgá-lo e cuidar para que ele não se distanciasse do Senhor. A medida que os reis conseguem cumprir este propósito divino eles apontam de forma bastante pálida para um Rei superior a eles, um Governante mundial da parte de Deus – o Messias de Deus.
  • Portanto, mesmo que uma passagem da bíblia seja Messiânica, ela carrega consigo dois aspectos, natural e espiritual. No caso do Salmo 2 ele se move do Davi menor ao Davi Maior, do rei de Israel para o Rei do Universo que é nosso Senhor Jesus o Cristo[2]. Portanto, deve-se entender que Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, o filho de Davi e o Filho de Deus e que as promessas dadas a Davi serão cumpridas cabalmente em Cristo[3].
  • A segunda característica deste Salmo, é que ele não tem autoria direta. Neste caso, mesmo que não seja informado, nós já devemos assumir pelo testemunho da própria Escritura que este é um Salmo que deve ser atribuído ao rei Davi[4] conforme o relato de Atos 4.23-27:

Quando foram soltos, Pedro e João voltaram para os seus e contaram tudo o que os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos lhes tinham dito. Ouvindo isso, levantaram juntos a voz a Deus, dizendo: “Ó Soberano, tu fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há! Tu falaste pelo Espírito Santo por boca do teu servo, nosso pai Davi: ‘Por que se enfurecem as nações, e os povos conspiram em vão? Os reis da terra se levantam, e os governantes se reúnem contra o Senhor e contra o seu Ungido’. De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com os gentios e com os povos de Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu Santo Servo Jesus, a quem ungiste

  • Somos informados que Pedro e João depois de passarem uma noite na prisão e serem ameaçados, não ficaram surpresos ou amedrontados pela (fúria) da perseguição, eles descansam na soberania de Deus sobre todos os acontecimentos humanos, esta perseguição aos santos de Deus foi prevista pela Palavra profética e inspirada do Salmista Davi no Salmos da nossa exposição. Outros textos no Novo Testamento também fazem alguma referência a este Salmo[5].
  • Perceba como aquele Salmo 2 quando é tratado no Novo Testamento ganha pleno cumprimento na pessoa de Jesus, mesmo escrito a anos antes de Jesus os discípulos conseguem perceber que este Salmo tem lampejos Messiânicos.

(*) Agora pensemos nas divisões naturais deste Salmo. Este Salmo está dividido naturalmente em 4 partes (2.1-3; 4-6; 7-9 e 10-12). Para a nossa exposição vamos propor uma divisão diferente, minha ideia aqui é facilitar a didática: (I) A Rebelião Humana e os seus planos (2.1-3) (II) A Reação Divina e os seus planos (2.4-9) (III) A Responsabilidade humana (2.10-12)

Cena 1: A Rebelião Humana E Os Planos (2.1-3)  No antigo oriente Médio, a coroação de um novo rei era muitas vezes ocasião de revolta de outros reis que tinham ficado sujeitos a coroa, e geralmente para se livrarem desta submissão eles se lançavam cedo contra o novo rei[6]. O problema é que sendo o rei um representante de Deus, levantar-se contra o rei era se levantar contra o próprio Deus[7], é por este motivo que Davi com frequência evitou tirar a vida de Saul, pois ele entendia que se levantar contra Saul era se levantar contra Deus[8].

A primeira divisão do nosso Salmo começa demonstrando o estado dos homens no mundo, eles estão com raiva e planejando. As palavras “Reis” e “Autoridades” diz respeito aqueles que representam grupos de povos, a intenção é comunicar uma rebelião mundial. Portanto, existe um ajuntamento mundial para o mal, é o grupo dos que estão vivendo independe de Deus estão enfurecidos contra Deus e estão em rebelião aberta.

As nações estão amotinadas, o estado de coisas está turbulento, existe uma anarquia mundial. A rebelião humana contra o Governador do Universo é demonstrada através de pelo menos três atitudes de hostilidade do homem contra Deus e o Messias, a fúria, imaginação vã e conspiração.

No v.1 somos informados que as nações e os seus governantes estão em fúria, trata-se de uma fúria que conduz a perseguição, prisão e ameaças[9]como a que está em Atos 4.1-21 – é uma fúria para o mal. Esta fúria é contra Deus, más se revela na perseguição contra o povo de Deus.

De onde vêm esta hostilidade contra Deus? Essa hostilidade humana contra Deus é fruto da depravação humana resultante da queda.

No princípio o homem foi criado à imagem de Deus. Foi adornado em seu entendimento com o verdadeiro e salutar conhecimento de Deus e de todas as coisas espirituais. Sua vontade e seu coração eram retos, todos os seus afetos, puros; portanto, era o homem completamente santo. Mas, desviando-se de Deus sob instigação do diabo e pela sua livre vontade, ele se privou desses dons excelentes. Em lugar disso trouxe sobre si cegueira, trevas terríveis, leviano e perverso juízo em seu entendimento; malícia, rebeldia e dureza em sua vontade e em seu coração; e ainda impureza em todos os seus afetos[10].

A hostilidade humana fica evidente também não conspiração nas nações. A palavra conspiração aqui é a mesma palavra para meditação que está no Salmos 1.2 “… na sua lei medita (murmurar)”.

A conspiração que se levanta no Salmos 2.2 é o resultado da fúria e da imaginação , elas conduzem a uma conspiração para assassinato, é a mesma conspiração que foi feita pelos sacerdotes e líderes religiosos para matar nosso Senhor[11]. Assim lemos em Mateus:

Mas os fariseus, saindo dali, conspiravam contra Jesus, procurando ver como o matariam (Mateus 12:14) Então os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, chamado Caifás, e deliberaram prender Jesus, à traição, e matá-lo. (Mateus 26:3,4) E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte. (Mateus 26:59).

O plano dos ímpios é assassinar Deus e o seu Messias e estabelecer um governo próprio, algo que favorece o estilo de vida deles, o pecado deles a sua filosofia de vida.

Aqui está o cumprimento de uma profecia feita pelo próprio Deus, geralmente não mencionada – A semente diabólica se lançando contra a Semente Santa[12].

Qual o motivo de tanto ódio de Deus? O Salmista diz que os ímpios não querem a influência restritiva de Deus, eles não querem que a lei moral de Deus freando eles. Eles olham para a lei de Deus como amarras, como escravidão eles querem quebrar as algemas e dar vazão ao pecado. Esta é realidade do mundo hoje, rejeição do bem e o abraçar da maldade, as vezes esta guerra está estabelecida dentro do nosso coração.

(*) O que Deus fará diante da depravação humana e dos planos malignos?

Cena 2: A Reação Divina E Os Seus Planos (2.4-9) : O governo e a soberania divina é demonstrado nestes versos sobre toda a criação. Pois bem, dos v.4-9 nós temos uma mudança de localização e de postura, nos v.1-3 os homens estão amotinados na terra, eles estão em pé, nos v.4-9 Deus aparece no céu e sentado, ele sequer levantou do trono para olhar ou ouvir os planos humanos.

Alguns personagens bíblicos[13] viram Deus em sua casa e a imagem é aterradora:

Esta cena nos mostra que Deus está na sua casa, sentado no seu trono. Deus está no ponto mais alto do universo. Alguns personagens da Sagrada Escritura viram Deus na sua morada e ficaram aterrorizados, veja o que diz o profeta Isaías:

No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele. Cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” Os umbrais das portas se moveram com a voz do que clamava, e o templo se encheu de fumaça. Então eu disse: — Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de lábios impuros; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!(Isaías 6.1-5)

O salmista Davi nos diz que Deus do local da sua morada, sentado no trono, olha para os projetos humanos e sorri. Este não é um sorriso qualquer, é um sorriso de menosprezo, ridicularização, de zombaria – é como se Deus dissesse: O que? Você vai se levantar contra mim? Vocês todos? E como vocês pretendem ter sucesso?

Pois bem, Deus desdenha dos planos dos seus oponentes, o motivo é a insensatez dos oponentes, eles não sabem quem é o seu oponente. Todos os esforços são insignificantes contra Deus, veja:

Será que vocês não sabem? Será que não ouviram? Será que isso não lhes foi anunciado desde o princípio? Vocês não entenderam isso desde a fundação do mundo? Vocês não atentaram para os fundamentos da terra? Ele é o que está assentado sobre a cúpula da terra, cujos moradores são como gafanhotos. É ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar. É ele quem reduz a nada os príncipes e torna em nulidade os juízes da terra. Mal foram plantados e semeados, mal se arraigou na terra o seu tronco, já secam, quando um sopro passa por eles, e uma tempestade os leva como palha. “Com quem vocês vão me comparar? A quem eu seria igual?” — diz o Santo. Levantem os olhos para o alto e vejam. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem-contadas, as quais ele chama pelo nome; por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar. Por que, então, você diz, ó Jacó, e você fala, ó Israel: “O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu direito passa despercebido ao meu Deus”? Será que você não sabe, nem ouviu que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? A sabedoria dele é insondável. (Isaías 40.21-28)

Isp

O Sábio de Provérbios nos diz que o coração dos reis e príncipes está nas mãos de Deus, é como água, Deus inclina onde quer. Deus dá o entendimento aos reis e o remove a ponto de eles não saberem se são homens ou animais, veja o que diz o livro de Daniel:

o rei disse — Não é esta a grande Babilônia que eu construí para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade? Enquanto o rei ainda falava, veio uma voz do céu, que disse: — A você, rei Nabucodonosor, se anuncia o seguinte: Este reino lhe foi tirado. Você será expulso do meio das pessoas, e a sua morada será com os animais selvagens; você comerá capim como os bois, e passarão sete tempos, até que você reconheça que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos do mundo e os dá a quem ele quer. No mesmo instante, se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor. Ele foi expulso do meio das pessoas e começou a comer capim como os bois. O seu corpo foi molhado pelo orvalho do céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e as suas unhas, como as garras das aves. — Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, e recuperei o entendimento. Então eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei aquele que vive para sempre: “O seu domínio é eterno, e o seu reino se estende de geração em geração. Todos os moradores da terra são considerados como nada, e o Altíssimo faz o que quer com o exército do céu e com os moradores da terra. Não há quem possa deter a sua mão, nem questionar o que ele faz.” — Nesse tempo, recuperei o entendimento e, para a dignidade do meu reino, recuperei também a minha majestade e o meu resplendor. Os meus conselheiros e os homens importantes vieram me procurar, fui restabelecido no meu reino, e a minha grandeza se tornou ainda maior. Agora eu, Nabucodonosor, louvo, engrandeço e glorifico o Rei do céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, e os seus caminhos são justos. Ele tem poder para humilhar os orgulhosos (Daniel 4:30-37)

Agora o problema é que o Salmista diz que seus oponentes conseguiram enfurecer Deus e Ele falará com eles em sua ira (v.5). Isso significa estar incendiado/ardente e respirando forte pelo nariz, como se estivesse saindo fumaça pelas narinas. O motivo desta Ira é que Deus é um Deus justo e não suporta o pecado dos seus oponentes:

Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal. Os arrogantes não permanecerão na tua presença; odeias todos os que praticam a iniquidade. Tu destróis os que proferem mentira; o Senhor abomina o sanguinário e o fraudulento (Salmos 5.4-6)

Deus é juiz justo, um Deus que se ira todos os dias. Se o homem não se converter, Deus afiará a sua espada; já tem armado o seu arco, e está aparelhado. E já para ele preparou armas mortais; e porá em ação as suas setas inflamadas contra os perseguidores (Salmos 7:11-13)

O Senhor põe à prova o justo e o ímpio; mas ele abomina o que ama a violência. Fará chover sobre os perversos brasas de fogo e enxofre, e vento abrasador será a parte do cálice deles (Salmos 11.5-6)

Não importa os planos dos homens, Deus fará o seu plano prosperar, se mover, e se instalar. Muitos são os planos no coração do homem; mas o desígnio do Senhor, esse prevalecerá (Provérbios 19.21). Este mundo aos olhos humanos, em alguns locais, é uma democracia, mas da perspectiva de Deus é uma teocracia; Deus está governando no trono.

Portanto, Deus diz (v.6), não importa os planos de vocês, eu tenho estabelecido o meu Rei sobre Sião (Jerusalém), meu santo Monte (Uma referência a II Samuel 7.8-16).

Pois bem, agora no v.7 deste Salmo quem fala é o Davi menor e o Davi maior, o rei de Israel e o Rei do Universo – Deus o filho – Eu publicarei o decreto de Jeová – No caso do Davi menor este é um compromisso de conduzir o povo pelo caminho da Lei de Deus. Agora, no caso do Davi maior esta é uma conversa Trinitariana, um acordo entre as pessoas da Trindade Santa, um plano estabelecido será anunciado para todas as nações.

O erro dos Arianos. Algumas pessoas ao olharem para o v.7 identificam através da palavra “gerado” um tempo em que o Messias veio a existir, ele não existia e foi criado. Nós precisamos deixar a Escritura responder. O Apóstolo Paulo quando está em Perge na Panfília visita este Salmo e ao tratar deste ponto ele faz duas coisas: (I) Liga o termo “gerado” a ressurreição do Senhor (então o termo gerado não tem a ver com criado). (II) O Davi menor e o Davi maior podem ser vistos intercambiáveis na fala:

E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus; Como também está escrito no salmo segundo: Meu filho és tu, hoje te gerei. E que o ressuscitaria dentre os mortos, para nunca mais tornar à corrupção, disse-o assim: As santas e fiéis bênçãos de Davi vos darei. Por isso também em outro salmo diz: Não permitirás que o teu santo veja corrupção (Salmos 16.10). Porque, na verdade, tendo Davi no seu tempo servido conforme a vontade de Deus, dormiu, foi posto junto de seus pais e viu a corrupção. Mas aquele a quem Deus ressuscitou nenhuma corrupção viu (Atos 13:32-37)

Pelo testemunho de Paulo como se a terra fosse um ventre e então a ressurreição de Jesus simbolizasse um nascimento. Houve um tempo em que o Messias não existia encarnado em forma humana, isso é necessário reconhecer. Jesus se tomou sobre si a figura humana no tempo e na história, foi gerado no ventre da Virgem por obra do Espírito Santo – isso equivale a dizer que antes Jesus não era de carne, osso e sangue. Agora, isso não significa que houve um tempo na eternidade em que o Pai criou Jesus, pelo testemunho da Escritura Jesus é eterno.

A confissão de Fé de Westminster é esclarecedora neste ponto quando ela trata das pessoas da Trindade. No capítulo II – De Deus e da Santíssima Trindade, ela diz:

Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade – Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo, O Pai não é de ninguém – não é nem gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho[14].

O Concílio de Niceia em 325 d.C reunido por ordem do imperador Constantino, afirmou que “o Filho Único de Deus, é gerado do Pai antes de todos os séculos, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai”.

Agora, Deus lhe deu um nome que está sobre todo o nome, “Por isso também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”. (Filipenses 2.9-11)

Ouça o que o Apóstolo Pedro diz em Atos 2 no sermão do dia de Pentecostes:

— Israelitas, escutem o que vou dizer: Jesus, o Nazareno, homem aprovado por Deus diante de vocês com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou entre vocês por meio dele, como vocês mesmos sabem, a este, conforme o plano determinado e a presciência de Deus, vocês mataram, crucificando-o por meio de homens maus. Porém Deus o ressuscitou, livrando-o da agonia da morte, porque não era possível que fosse retido por ela. Porque Davi fala a respeito dele, dizendo: “Eu sempre via o Senhor diante de mim, porque ele está à minha direita, para que eu não seja abalado. Por isso, o meu coração se alegra e a minha língua exulta; além disto, também a minha própria carne repousará em esperança, porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, e me encherás de alegria na tua presença”. — Irmãos, permitam-me falar-lhes claramente a respeito do patriarca Davi: ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje. Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono, prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção. Deus ressuscitou este Jesus, e disto todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à direita de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vocês estão vendo e ouvindo. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo afirma: “Disse o Senhor ao meu Senhor: “Sente-se à minha direita, até que eu ponha os seus inimigos por estrado dos seus pés”. — Portanto, toda a casa de Israel esteja absolutamente certa de que a este Jesus, que vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo (Atos 2.22-36)

Como podemos ver, aqui está o plano de divino, Deus fez do seu filho Senhor e Cristo, e lhe entregou todas as nações em suas mãos “pede-me e te darei as nações por herança e os confins da terra por tua propriedade” (v.8), o ponto é que as nações e os povos que ele recebeu como herança são aqueles que estão em turbulência, anarquia, revolta contra o Senhorio de Cristo.

O que o filho fará com estas nações? (v.9) Lhes quebrantarás com vara de ferro e os despedaçará como a um vaso de oleiro Nas mãos do rei está a vara de ferro e com ela ele vai esmiuçar aqueles que levantaram seu calcanhar contra Deus. Aqui está a imagem perfeita do que são todas as nações diante de Deus, um vaso de barro que está nas mãos do oleiro (poder e capacidade de subjugar). A vara de ferro aqui é uma aplicação de condenação eterna no inferno, aqui a destruição está posta e uma decisão deve ser tomada.

Toda aquela rebelião dos v.1-3 foi orquestrada contra aquele que tem todo o poder.

Talvez você diga, olha eu não participei deste plano maligno, na verdade todos nós participamos deste plano todos os dias – Sempre que cometemos alguma falta essa é uma rebelião aberta contra Deus. A sentença foi pronunciada, todo aquele que está em rebelião contra o Rei será esmiuçado pela vara de ferro que está nas mãos do Filho o grande Rei.

Agora, aqui está o evangelho no Salmos 2. Uma luz é colocada para os homens, um símbolo da graça, um símbolo do evangelho, um momento oportuno para o arrependimento de todos nós.

(III) A Responsabilidade Humana (2.10-12)

“Agora, pois, ó reis, sejam prudentes; deixem-se advertir, juízes da terra. Sirvam o Senhor com temor e alegrem-se nele com tremor. Beijem o Filho para que não se irrite, e não pereçam no caminho; porque em breve se acenderá a sua ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam” (Salmos 2.10-12)

Os v.10-12 tem um tom de misericórdia, em vez de julgamento e destruição imediata é oferecido uma possibilidade de arrependimento antes que “pereçais no caminho” (v.12).

Aqui está a mensagem central do evangelho, um chamado ao arrependimento é proclamado em alto e bom som por toda a terraEstes reis, príncipes e juízes são os representantes de todas as nações da terra, vocês ouviram isso? Vocês estão ouvindo o que Deus está dizendo? Não existe um reino maior do que dele, não existe um tribunal maior que o dele. Ouça o que diz a Escritura sobre a glória e a grandeza deste tribunal celestial:

Vi um grande trono branco e aquele que está sentado nele. A terra e o céu fugiram da presença dele, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, que estavam em pé diante do trono. Então foram abertos livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que estava escrito nos livros (Apocalipse 20.11-12)

O que os reis, príncipes e juízes devem fazer? Baixar as armas, entregar os plenos e se render. Na antiguidade conforme os reinos eram conquistados eles eram trazidos diante da cidade, entravam pelas portas do castelo e deveriam beijar os pés do rei vencedor, isso era um sinal de rendimento e uma proclamação de paz.

Que tipo de beijo se requer aqui? O beijo nesta cultura tem uma série de variações, as vezes nos pés, nas costas das mãos, nas palmas das mãos, na aba das vestes, no rosto, etc. Geralmente é um ato que está relacionado a saudação nos encontros[15] e despedidas[16] e está carregado de afeto.

Com uma boa frequência se relaciona a compromisso, submissão e adoração, é como quando um filho beija um pai, é uma indicação tripla; compromisso, submissão e amor[17], quando o pai beija o filho é sinal de amor e compromisso[18]. As vezes pode ser uma referência quando dois irmãos ou amigos se beijam ao rosto, trata-se de uma indicação de compromisso[19], quando um súdito beija um rei é sinal de submissão[20]. Quando um crente beija o Senhor é sinal de adoração[21]

Nestes casos o beijo está sempre carregado de afeto, respeito, fidelidade, submissão e amor. É este tipo de beijo que deve ser dado no Filho, não é apenas um sinal de submissão como querem alguns, pois submeter-se até o Diabo o faz, porém, sempre com um espírito contrário. Seria o exato oposto do beijo dado por Judas o Iscariotes quando traiu o Senhor[22]. Judas perverteu seus afetos e o significado do beijo.

O Salmista ainda completa, sirvam ao Senhor com temor e tremor (um passo atrás – Deus não é comum), beijem o Filho, não despertem a sua ira (v.11).

Aqui está a oferta gratuita do evangelho no Antigo Testamento, beijem o Filho, rendam-se ao Senhorio do Messias de Deus – Aqui está aqueles que são bem-aventurados no Antigo Testamento, são aqueles que foram resgatados da ruina por confiarem na promessa de Deus, eles tem paz com Deus (v.12).

As portas do paraíso se abrem para todos os que querem se render, aqueles que querem escapar da ira devem confiar no Filho, adorá-lo, beijá-lo, se render ao seu governo.

Más aqueles que não se renderem serão consumidos pela ira do Rei, est. 

APLICAÇÃO

Diante de Deus só tem dois caminhos, você deve decidir hoje se você seguirá pelo caminho dos ímpios ou pelo caminho de Deus proposto no evangelho. Este caminho é o caminho da misericórdia para todo aquele que se arrepende.

O nosso coração muitas vezes se rebela contra a vontade de Deus. Sempre que isso acontece nós nos colocamos no mesmo caminho daqueles que não temem ao Senhor. Por isso é importante entender que o evangelho é uma declaração contínua de misericórdia porque é um chamado continuo ao arrependimento.O mundo está cheio alianças contra Deus, a igreja é chamada a proclamar a graça de Deus neste mundo hostil. Portanto, os crentes devem esperar oposição por causa da exposição, mais não precisamos temer.

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[1] Gênesis 11.4

[2] Bíblia de Estudos John MacArthur, pg. 680

[3] Bíblia de Estudos de Genebra, pg. 690

[4] Bíblia de Estudos John MacArthur, pg. 680

[5] Atos 13.33; Hebreus 1.5; 5.5

[6] II Samuel 5.17; Bíblia de Estudos NVI, pg. 873

[7] Bíblia de Estudos NVI, pg. 874

[8] I Samuel 24.6, 10; 26.9, 11, 23; II Samuel 1.14; II Samuel 19.21;

[9] Atos 4.1-21

[10] Os Cânones de Dort, A corrupção do homem, Artigo 1 – O resultado da queda.

[11] Mateus 12.14, 26.3-4, 59, 27.1; Marcos 3.6; 11.18

[12] Gênesis 3.15

[13] Isaías 6.1-6; Atos 7.55-56; II Coríntios 12.2-4; Apocalipse 1.10-17

[14] Mateus 3.16-17; 28.19; II Coríntios 13.14; João 1.14, 18; 15.26; Gálatas 4.6

[15] Gênesis 33.4 – O encontro entre Jacó e Esaú; Gênesis 45.15 – O encontro entre José e seus irmãos; Êxodo 4.27 – O encontro no deserto entre os irmãos Arão e Moisés; Êxodo 18.7 – O encontro de Moisés e Jetro. I Tessalonicenses 5.26; I Coríntios 16.20; II Coríntios 13.12; Romanos 16.16; I Pedro 5.14.

[16] Rute 1.9, 14 – A despedida de Noemi, sogra de Orfa e Rute e a partida para Belém; I Reis 19.20 – A despedida de Eliseu dos seus pais antes de seguir com Elias; II Samuel 19.39 a despedida de Barzilai.

[17] Gênesis 45.15; Êxodo 18.7

[18] Gênesis 27.22-27; 50.1; Lucas 15.20; II Samuel 14.33

[19] I Samuel 20.41

[20] I Samuel 10.1

[21] Lucas 7.37-38

[22] Mateus 26.48; Marcos 14.44; Lucas 22.47-48

Este sermão expositivo é um estudo bíblico de Salmos 2 e uma ferramenta essencial e um recurso valioso de ensino bíblico. Ele é especialmente útil para pastores, professores de escola bíblica dominical, mestres de Bíblia e qualquer pessoa interessada em saber como estudar o livro de Salmos 2. Recursos e Benefícios Para (1) Pastores e Professores de Escola Bíblica: (a) Funciona como uma aula estruturada e um recurso didático, facilitando o ensino e a compreensão do conteúdo de Salmos 2. (b) Serve como um guia de estudos bíblicos detalhado, proporcionando uma base sólida para a preparação de sermões expositivos sobre Salmos 2. (2) Comentário Bíblico Introdutório: (a) Oferece uma visão geral e detalhada do livro de Salmos 2, destacando temas principais, contextos históricos e interpretações teológicas. (b) Facilita o aprofundamento no estudo de Salmos 2, funcionando como um guia claro e acessível. (3) Para Mestres de Bíblia e Estudantes: (a) É um material interessante e bem pesquisado, ideal para quem deseja aprofundar seus conhecimentos e habilidades em estudos bíblicos. (b) Fornece diretrizes práticas e acadêmicas sobre como abordar o estudo de Salmos 2, tornando-o um recurso indispensável para professores e alunos. Este material é uma excelente ferramenta para qualquer pessoa interessada em explorar o livro de Salmos 2 de maneira aprofundada e estruturada. Seja para uso em aulas, preparação de sermões ou estudo pessoal, este guia oferece tudo o que é necessário para um entendimento claro e abrangente ao livro da bíblia.

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